Mudanças da vida

Olá garotas. Estava presa em uma completa indecisão. Há um tempinho encerrei uma fic aqui e desapareci por um tempo
Agora estou voltando aos pouquinhos e estou tentando colocar a leitura em dia. Logo irei conseguir isso e espero continuar a escrever, nunca parar e nem pensar em desistir, como já pensei em alguns momentos.

Tenho alguém muito especial que me ajudou nessa escolha de voltar, mesmo sendo um pequeno conto, já é um bom começo. Mila, muito obrigada pelo pontapé inicial, espero sanar finalmente sua curiosidade!

Bem, espero que gostem da história.
Muito obrigada a todas! Que o tempo continue a correr e nós a escrevermos! =)

Beijão.
Fiquem com Deus.



Mudanças da vida

Prólogo

Nossa vida é uma completa loucura, por vezes, momentos ou até por horas a fio. Não percebemos, mas sofremos tantas mudanças... Quando notamos já estamos de volta ao que éramos antes.
Foi por isso que minha vida passou, teve toda uma reviravolta, mas quando notei estava de volta, mas todos os acontecimentos fizeram algumas modificações, com certeza eu não era a mesma pessoa. Aprendi que quando se sente algo não adianta fugir e, o melhor de tudo, a parte que mais gosto de lembrar, depois de ver que o presente reservava o melhor, ganhei como gratificação um desejado amor.
Então para que tantas mudanças para ficar quase tudo da mesma? Digo que não é exatamente ficar “só na mesma”, é ficar na melhor! Da nossa vida não podemos explicar quase nada...
Tudo é transitório, então por isso temos que aproveitar todas as chances, até se não tiver chances, se arrisque, como dizem: “o único contra é receber um não”. Garanto, da para sobreviver a alguns “nãos”, mas não da para sobreviver com a culpa, com o porquê não fiz aquilo?
Então aproveite, eu fiz de minhas mudanças uma nova chance, não arrisquei antes por medo do não, mas notei meu erro, pensei que nunca teria uma chance para concertá-lo, mas apareceu uma alternativa e não fui burra, a aproveitei de primeira!
Aproveite suas chances, viva um amor e com ele cometa loucuras, fale besteira, grite, sorria, seja feliz! Posso afirmar que isso é o melhor... vivo isso! Com meu amor, estou descobrindo novas formas de ver a vida e também estou aprendendo o que realmente é viver.



Capítulo único


“Nenhuma vida e original. Nascemos e morremos, e no espaço entre uma coisa e outra estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos e netos, praticamos exercícios, adoecemos. Ninguém escapa desse script, não há outras opções”.
Martha Medeiros – Divã.


Era uma segunda-feira, pela manhã. Eu estava solitária bebericando calmamente meu café feito com paciência e saudades de quando não o fazia nem mesmo tomava sozinha.
Senti a solidão bater como uma bala, meu coração sangrou de tristeza e percebi, naquele momento, que minha alma não teria sossego, pelo menos, bem eu não estava.

A manhã passou dando espaço para a grandeza e magnitude da tarde. Fui trabalhar. O dia passou sem grandes novidades e quando cheguei a casa quis voltar para o dia de trabalho, aquele local vazio me assustava, já há tempos. A solidão minha maior companheira, ao meu lado há vários dias, perdi a noção, talvez ela esteja comigo há meses.
Eu queria uma vida sem sustos e queria alguém seguro a meu lado, mas aconteceu o contrario: não tenho ninguém seguro e a pessoa que me era um porto fez da minha vida uma maré de sustos e desesperos.
Minha vida estava de cabeça para baixo e eu estava apaixonada por meu porto, ou seja, o homem errado.
Homem errado, talvez nem tanto. Posso dizer que é o homem perfeito, mas não para mim. Esse cara é simplesmente meu melhor amigo e conselheiro. Minha primeira e única paixão, mas por que ele teve que se casar com outra? Isso destruiu até minhas confusas esperanças de, ao menos, um beijo depois de alguns copos de vinho.

Um mês depois...

Eu estava cansada, mas tinha muito trabalho, mas acabei dormindo sobre os vários papeis que eram para serem analisados não utilizados como travesseiro.

Acordei com batidas insistentes e irritantes. Levantei para atender tropicando até no chão liso. O caminho nunca havia sido tão longo e torturante. Pareceu uma eternidade conseguir levantar do tombo na virada da cozinha.
- Duas da manhã, quem é o louco que está espancando a porta dessa forma – comentei para o tempo enquanto destrancava a porta.
Em minha cabeça só tinha um rosto. Mesmo em dúvida já tinha quase certeza de quem era.


Quando abri a porta lá estava ele, de óculos escuros e roupa preta, estava abatido e muito mais magro do que naturalmente.
- Michael?
- Preciso de sua ajuda – ele falou sem pestanejar. Retirou os óculos, seus olhos estavam tristes não parecia o mesmo Michael de uns meses atrás.
- Oras! Para que precisa de minha ajuda? Não está casado com a Lisa Maravilhosa Espetacular Presley? Peça ajuda a ela!
Depois de falar tudo que estava preso em minha garganta, tive vontade de bater a porta na cara de Michael, mas ele começou a chorar descontroladamente, fiquei preocupada.
- Pare de chorar e entre – falei dando espaço para ele entrar. Fique com o coração na mão, vê-lo chorar era o mesmo que me matar aos poucos com torturas assustadoras.



- Ela quer a separação.
Michael falou após muito chorar e me segurar em um abraço apertado. Tentei confortá-lo, mas estava quase morrendo naqueles braços, pelo menos morreria feliz. Nos braços de meu amado.
Olhei para o chão, por dentro comemorava aquela situação. Talvez o caminho ficasse livre para minhas esperanças e desejos, mas por fora (ou pelo lado consciente) impassível sentido que faria qualquer coisa, até dar uns tapas na Lisa para perceber o homem maravilhoso que tem. Faria qualquer coisa para ter de volta aquele lindo sorriso...
Respirei fundo e perguntei:
- O que fez para ela querer isso?
Michael olhou-me, estava tão triste, parecia sem rumo e não tinha brilho nos olhos.
- Disse-me que queria ser uma prioridade em minha vida, mas dou mais atenção ao trabalho do que a ela. Não posso fazer nada, estou prestes a entrar em turnê e assinar uma papelada de divorcio a contra gosto. O que faço estou desesperado a am...
Antes que ele fincasse uma adaga em meu peito, falei:
- Fale que a quer na turnê.
- Ela não iria.
- Então não posso fazer nada. Essa mulher deveria se separar de você mesmo. Acho que você foi bobo devia ter pedido o divorcio primeiro!
- Não... por quê? – Ele chorava mais ainda.
- Mike isso é essencial! Meu Deus! Ela ficaria disposta e disponível para sair pelo mundo com você, cometer loucuras de amor, viver noites tórridas de paixão e principalmente salvar o casamento!
- Não quero perdê-la. – Michael parecia uma criança ao saber que o cachorrinho não poderia ficar mais em casa.
- Então pare de reclamar comigo e vá atrás dela, com rosas e milhares de promessas verdadeiras! (de menos a que uma plástica resolveria alguma coisa... pensei)
Eu já estava com o tom de voz alterado e tinha vontade de esbofetear a cara de Michael e depois sumir com a Lisa do mapa! Ele a amava... não a mim. Isso machucou mais ainda meu destruído coração.

Quando Michael saiu eu escorreguei na parede e deixei as lágrimas correrem. Não queria nem nunca quis nada disso, mas por ironia, destino ou sentença estava passando por tudo.
Em meio as lágrimas, sofrimento torturante, perda e saudades adormeci.
Tive um sonho que era tão totalmente querido que nele implorei que fosse real, o que não foi.
Foi mesmo um sonho, eu estava num belo e decorado romanticamente quarto. Estava nos braços de Michael ele amava-me com necessidade, desejo e urgência, eu o amava com paixão e amor. Sentia o corpo dele no meu, os suspiros dele em meu ouvido, a mão em meus seios, o tocar inevitável e tentador de pele. Nossos corpos ligados em uma completa troca de energia, pareciam feitos um para o outro. Eu implorava em mente que aquele momento não acabasse, mas chegou ao fim, com um grito de prazer, seguido de um “Eu te amo”.
Acordei alguém batia na campainha em pouco intervalo de tempo. Isso aumentou minha dor de cabeça, além de tudo, meu corpo ainda vibrava, em razão do sonho.

Michael com toda certeza do mundo não era, pois costumava, ou melhor, nunca tocar a companhia. Dizia achar o barulho irritante, então preferia a moda antiga.


Eu estava próxima à porta, mas não foi tão fácil abri-la, pelo menos não imediatamente. Somente de levantar já senti meu corpo cansado, mas minha mente não estava, pelo contrario tentava de mil formas descobrir quem batia a porta antes de abrir.
Quando percebi que nunca descobriria nada por telepatia ou visão raio x, abri a porta. Lá estava meu moreno lindo, dos olhos castanhos esverdeados e estava bronzeado.
- Amor! Esqueceram-te no forno? – Não resisti o comentário.
- Bom dia para você também. Senhorita Angel. – Ele falou fazendo bico.
- Bom dia, mas o que faz aqui? – perguntei sem entender o motivo da visita.
- Talvez seja porque uma gata marcou jantar comigo ontem e não foi ao encontro. Gostaria de saber sua opinião.
- Fui eu? – Perguntei arregalando os olhos...
- Uhum. Aconteceu algo? Que olhos vermelhos são esses, Angel? Assistiu algum filme de cachorro?
- Não. Michael esteve aqui.
Ele fez uma expressão de cansaço, enquanto eu sorria timidamente. Fomos para a cozinha, não fui ao jantar, mas ia recompensá-lo com um café.
- O que ele queria com você? – Perguntou antes de pegar a xícara.
- Pedir conselhos.
- Que tipo?
- O casamento está passando por uma crise.
Ele me olhou impressionado. Pensou por um tempo, mas por fim disse:
- Tudo que queria né?
- Não, não, não! – Falei chorando.
- Gata não chore, desculpe-me falei bobeira... por favor, para! Vamos para o quarto anda! Precisa de um banho. – Ele me abraçou carinhosamente e como um pai me levou para o quarto e obrigou a revoltada choradeira a tomar banho.
Depois de um demorado banho já estava muito mais tranqüila. Renovou meu fôlego e espírito; não era uma nova pessoa, mas estava perto de ser.
Bernardo esperava-me com um sorriso que me passava paz.
- Está melhor?
- Muito. Desculpe-me pelo descontrole... – respirei tristemente – Michael me tira do sério.
- Devia abrir o jogo com ele... – ele me puxou para um abraço.
- Como? Ele está casado e ama a bruxa!
- Então... que tal tentar esquecê-lo?
- O que tem como opção nessa cabecinha ai? – Perguntei acariciando os cabelos revoltados de Bernardo.
- Brasil.
- Bebeu muito! Não devia tê-lo deixado sozinho... – falei afastando-me, indo para a janela.
- Não, pelo contrario. Não tomo mais nada alcoólico!
- Conta outra!
- É sério. Quero viver a vida sóbrio, sentir as coisas e aproveitar os momentos sem vomitar ou dormir pelos cantos. Pode ter certeza que nunca mais vai me encontrar na porta de sua casa!
- Isso é ótimo! Sempre me assustava...
- Então? O que me diz de irmos para o Brasil. Curtir um solzinho, cair na festa e conhecer gente e ambientes novos?
- Tenho medo.
- De quê? Posso saber?
- De o Michael precisar de mim.
- Ah, pare com essa! O cara nem liga para você, aparece aqui somente com problemas, é esse tipo de amor que quer? Então vou indo... Brasil que me ame!
Antes que ele fosse, eu repensei a proposta e aceitei. Nunca pulamos tanto, Bernardo chegou a me rodar no ar dizendo que era o melhor rumo que estávamos tomando. Seriamos felizes? Com certeza. Ele tinha animo para manter minha falta de vida e desejo de novidades.


Ajeitamos tudo e viajaríamos em menos de duas semanas, Bernardo tinha alguns contatos, mas nunca me explicava sobre esses tais “contatos”. Tenho quase certeza que era o pai dele, mas... nunca poderei confirmar!
Nesse meio tempo, do “corre corre, temos que viajar” Michael não apareceu mais, muito menos ligou. Ao que parecia tinha sumido do mapa. O único problema foi ter levado meu coração sem promessas de devolução ou reconhecimento. Bernardo que segurou as pontas enquanto eu passava horas a fio olhando para o telefone que nunca tocava, e quando tocava, era ele fazendo gracinha.

Quando entrei no avião eu quis voltar, mas não poderia. Tinha que resistir às tentações e tentar viver minha vida. 27 de setembro de 1994 eu abandonava meu país de origem com a esperança de conseguir algumas mudanças, que não ocorreriam. O tempo passou, acabei gostando demais do Brasil e decidi ficar por lá, mesmo com isso ainda tinha Michael em meu coração, a tal esperança de ter o amor correspondido e os beijos após copos de vinho também sobreviveram à tensão que passei no voo.
Bernad ficou no país tropical também, tinha paixão por aquele lugar. Muitas vezes eu ficava impressionada com a felicidade nos olhos dele, somente por receber um “bom dia” de alguém desconhecido. Achava o máximo! Eu também admito.

Estávamos no final de novembro de 1995, aquele clima de Natal e festas estavam assustando. A cidade lotada, as pessoas desesperadas e a saudade!
Michael sempre passava os natais comigo, sempre que podia. Não comemorava a data, mas fazia o esforço por mim. Naquele momento parada em frente uma loja de brinquedos senti o quanto a voz e a presença dele me faziam falta. Tive vontade de pegar logo o celular e ligar, mas quando já estava na terceira chamada desliguei e senti um medo terrível, caso, ele atendesse e não se lembrasse de mim.
Tratei de me afastar da loja, estava me machucando, mesmo gostando das lembranças elas me feriam como ácido.
Sentei em um banco próximo a uma loja de discos... tocava umas músicas calmas, exatamente o que eu precisava. Calma.
Estava tudo bem eu já tinha recobrado a consciência de que Michael não estava mais por perto, mas bendita hora que fui sentar em frente uma loja de cds!
Colocaram um cd do Nenhum de Nós. Bom, nada contra era uma das únicas bandas que conhecia desde a chegada ao Brasil, mas era a que mais me perturbava, na verdade, uma música em particular “Você Vai Lembrar de Mim”.


“Quando eu te vejo
Espero teu beijo
Não sinto vergonha
Apenas desejo

Minha boca encosta
Em tua boca que treme
Meus olhos eu fecho
Mas os teus estão abertos”

A música fazia minha mente caçar todos os momentos ao lado de Michael. Principalmente aqueles onde não tínhamos mais o que falar, então eu o olhava atentamente, os belos olhos, traços bem definidos, boca lindamente desenhada e desejável, tudo nele me atraia até o levantar suave da respiração. Cheia de esperança eu, sempre, esperava nesses momentos um beijo (que nunca ganhei), mas Mike timidamente arrumava algo para falar ou simplesmente fingia não notar meu olhar de apaixonada.

“Que no fim eu amei por nós dois”

“Droga!” Pensei.
Lágrimas já escorriam livremente por meu rosto, elas eram meu desapontamento por notar a realidade. Michael nunca me amou e talvez nunca ame da forma que eu o amo. Sentia por mim somente amizade; talvez nem isso. Nunca me ligou ou procurou saber o porquê de não morar mais nos Estados Unidos.

“Mas você vai lembrar!”

Já era o suficiente, meu limite já tinha sido atingido se eu continuasse ali escutando aquela música seria o mesmo que praticar masoquismo sorrindo. Levantei-me indo em direção a rua onde tinha deixado em um estacionamento o carro.
Quando bati a porta, pude deixar finalmente sair daquilo que tanto assombrava e destruía meu coração. Estava me desfazendo em lágrimas quando senti o celular vibrar dentro da bolsa que estava em meu colo. Não importava quem fosse não iria atender, mas como a curiosidade superou minha dor reconsiderei e pensei em atender. Poderia ser uma voz amiga.
Peguei o telefone e sem olhar o número atendi.
- Alô – controlando os soluços.
- Angel? É você? Está chorando? Aqui é o Michael, por favor, fale algo. Não desligue – Até parece que eu desligaria.
- Michael? – Perguntei já esquecendo o motivo do choro.
- Sim, você me ligou, mas desligou antes que eu atendesse. Preciso de você. Onde está?
- Brasil.
- O quê?
- É Michael. Bernardo me convenceu a vir para cá, Brasil.
- Ah sim! O Bernardo. – Ele falou em um tom de voz que não era natural.
- Por que desse tom sarcástico?
- Ao que parece ele te afastou de mim. Fiquei até animado com seu telefonema.
- Poderia ter me ligado antes.
- Não. O seu querido Bernardo não me deixou fazer isso.
- Como assim? Michael não estou entendendo aonde quer chegar.
- Acho que um dia antes de viajarem, logo aviso que nunca imaginei que ficaria longe por tanto tempo. Isso me assustou. Eu tentava ligar para você todos os dias, mas nunca me atendeu. Um dia, finalmente, alguém atendeu esse alguém era ele. Mandou-me nunca mais ligar, pois você me odiava.
- Como? – Perguntei não acreditando ou não querendo acreditar no que ouvia.
- Você me odeia? – Ele perguntou com voz chorosa.
- Claro que não! Mike eu te... – parei no momento, quando notei a besteira que ia falar.
- Continue preciso ouvir o que sente por mim.
- Melhor não.
- Posso sentir o mesmo, então vamos! Preciso ouvir.
- Michael você ainda está com a Lisa? – Desviei o assunto para o lado negativo. O positivo estava difícil de completar.
- Não, estamos separados desde aquele último dia que te vi. Agora em dezembro não seremos mais um casal perante a lei e o público. Sentimentalmente nunca fomos um casal. Somente não percebemos no dia, mas não éramos feito um para o outro.
- Quer dizer que...
- Sim! Terminei tudo com ela para ter uma chance com você. Bernardo foi mais rápido...
- Calma ai! Vou resolver isso. Se não fosse por ele já estaríamos á muito tempo juntos. Ele estragou nossa vida... – Eu chorava. Era amada, mas não sabia. Tinha um amigo, mas que parecia querer ser outra coisa.
- Querida não chore, tudo ficará bem. Temos ainda muito tempo para nosso amor. O que acha de ser minha esposa.
- Michael! – Já estava rindo, nunca imaginei receber aquele tipo de pedido, principalmente naquela situação – Você tem que terminar tudo com aquela coisa, primeiro! Depois aceitarei seu pedido.
- Ótimo! – Mesmo estando muito longe conectados apenas por linha telefônica, tenho certeza que Michael pulou de felicidade. Meu eterno menino homem. – Estou louco para te ver, beijar essa sua boca que estou a tanto tempo sonhando, acariciar seus cabelos, ver seu sorriso iluminado. Garota preciso de você.
- Estou voltando hoje para os Estados Unidos! – Falei sem pestanejar, tudo que ele queria eram os elementos de meus sonhos. Estavam próximos a virarem realidade.
- Mesmo? – pude imaginar o sorriso que ele tinha no rosto.
- Claro! O meu maior desejo e realizar tudo que você quer...
- Estarei te esperando, venha o mais logo possível e tome cuidado com esse seu amigo. De preferência nem vá até ele... venha para mim.
- Michael, isso não posso fazer. Bernardo fez da minha vida um inferno, talvez ele não quisesse isso, mas foi o que aconteceu. Sempre te amei, mesmo ficando anos longe esse sentimento nunca mudaria. Preciso ouvir a explicação dele. Estarei com você mesmo longe. Eu te amo.
Michael me fez esquecer toda e qualquer raiva que sentia, iluminou meu céu chuvoso, mostrou que foi e sempre será meu porto seguro e acima de tudo abriu as portas de nosso amor, logo estaríamos juntos, mas antes eu tinha algo para resolver e deixar no Brasil: Bernardo.

Chegando a casa onde estávamos morando, Bernardo já me esperava. Não sei, mas acho que já sabia que vinha bomba.
Tivemos uma longa e cansativa conversa. Banhada de pedidos de desculpas e explicações vagas. No fim ele admitiu ter feito tudo e afastado Michael, pediu-me mais algumas milhares de desculpas, pensou que fosse o certo. Afastar o homem que eu queria ter por perto.
- Queria que tudo tivesse sido do jeito que planejei, mas...
- Eu gosto de você somente como amigo e não consigo ser feliz longe de Michael.
- Sim – ele abaixou a cabeça decepcionado – perdoe-me, não pensei que com tudo aquilo estaria tirando suas chances e dele de serem felizes juntos. Pensei que seriamos felizes, mas não deu certo. Seu destino é ao lado dele, mas posso te pedir uma coisa?
- Claro. – eu chorava, por mais burrada que ele tenha feito, sempre foi um bom amigo e era muito preocupado com meu bem-estar.
-Não me esquece. – Ele não esperou a resposta foi para o quarto.
Eu fiquei paralisada sem saber o que fazer. Olhei para as paredes, as fotos, as lembranças, os momentos felizes e tristes que tivemos ali, as madrugadas de conversa, as noites de filmes antigos... tudo que tivemos ali! Ele foi uma ótima companhia, um ótimo amigo, mas nunca um amor em minha vida. Era somente amor de amizade. Fechei os olhos e fiquei assim por um tempo. Quando abri ele estava novamente em minha frente.
- Sabe, nesses dias já estava esperando isso acontecer. Você procurar o Michael, ano passado nem sei como consegui fazê-la não ligar para ele, mas esse ano eu tive certeza que aconteceria. Seus natais só eram natais com ele. Não pense que nunca percebi o quanto ficava para baixo quando ele demorava, mas era só ele chegar que o sorriso abria-se automaticamente. Por isso, já comprei sua passagem de volta. Quero que vá! Por favor, seja feliz, mas pode ter certeza que se ele te fizer chorar não sobrará nada para o outro dia! Viu? Avise isso para ele.
Ri ele era um grande amigo, meu eterno amigo!
- Pode deixar! Acho que ele não me fará chorar.
- Também não.
- Vai voltar comigo?
- Claro que não! Prezo minha vida, aposto que ele quer me matar. Então quando a poeira estiver baixa vou visitá-los.
- Obrigada. É bom ir mesmo!

Conversamos mais algumas coisas, Bernardo tinha um coração de ouro, mas era humano e por isso cometeu alguns errinhos por causa do próprio coração, mas soube tomar a decisão certa no fim.
Ele me levou até o aeroporto enchendo-me de cuidados. Parecia preocupado, até se eu respirasse de forma diferenciada já arrumava alguma doença, mas sabíamos que não era nada somente tédio por causa das milhares de instruções que eu já tinha muito conhecimento.
Quando embarquei senti um grande alívio, estava sendo boa a sensação de saber que estava voltando. O motorista de Michael já me esperava no desembarque, tinha ordens de me levar direto para Neverland, mas o fiz mudar o caminho e me levar para a minha casa. Michael estava muito para frente.
Foi chegar a casa e meu telefone começou a tocar.
- Mike. – falei já sabendo que era ele.
- Por que não quis vir para Neverland?
- Michael você ainda é um homem casado. Esqueceu?
- Mas é você quem eu amo!
Eu fiquei sem saber o que dizer.
- Também te amo.
- Então vem pra cá!
Ele conseguia ser insistente quando queria.
- Daqui uns dias estaremos junto, Michael, agora não é o momento. Resolva sua situação com a Lisa, isso é primordial.
-Tudo bem – ele falou com a voz afetada.
- Não fique triste.
- Não tem como! A mulher que eu amo não me quer!
- Michael deixe de ser dramático!
- Você quem sabe, quando me quiser estarei te esperando.
Desligou! Michael desligou o telefone na minha cara. Natural nervosismo impensado, agora, vai ter que esperar.
Deitei-me, estava cansada, sem paciência e com medo do que Michael poderia fazer ou não fazer. Vencida pelo dia cansativo logo já estava no mais profundo sono.


Novamente a triste cena, tomando café sozinha.
- Para que fui ser racional, se não fosse por essa consciência do que é cedo... – eu resmungava, ou melhor, reclamava de minha ação idiota. – Já era para estar nos braços de Michael...
Estava quase cortando os pulsos por revolta, quando ouvi batidas insistentes.
- Michael!
Levantei correndo, completamente desesperada, meu coração a mil, o sorriso quase rasgando de tão largo e a fobia de abrir logo a porta.
Depois de destrancar a fechadura e abrir a porta, tive o prazer da mais bela visão. Michael sorrindo.
Sem pensar em nada pulei nos braços dele que me acolheu carinhosamente. O abraço dele era tão bom e verdadeiro. Deixa-me desarmada e frágil.
O tempo parecia ter parado e o mundo físico desaparecido. Era só eu e ele. Michael olhava-me de forma apaixonada, há quantos anos eu sonhei com esse olhar... agora ele é todo meu.
- Estava com saudades. Não agüentei esperar... como você queria. – Ele me colocou no chão enquanto falava.
- Também, pensava em você todos os dias, horas, minutos e segundos. Ainda bem que é cabeça dura e nunca faz o que peço. – ele riu travesso.
- Ainda bem que sentiu minha falta. – Ele falou de cabeça baixa, e voltou a falar antes que eu dissesse alguma coisa – logo aviso que vim para passar o dia inteiro com você!
- Então vamos aprontar muitas! – Falei rindo.
- É o que espero. – ele abraçou-me por trás, murmurando em meu ouvido sedutoramente.

Quando eu conseguir fazer Michael me soltar, entramos na casa. Ele insistia em me abraçar todo momento.
- Está carente, homem!?
- Não – ele ficou vermelho – somente com saudades de você.
- Vamos matar essa saudade. Temos muito tempo, vamos ver um filme?
- Sim! – os olhos dele brilhavam de alegria. Michael adorava ver filme, ou aprontar durante o filme. Não sei o que ele fará dessa vez...

Antes de escolher o filme, fomos à cozinha e preparamos toda e qualquer porcaria. Desde pipoca até várias barras de chocolate. Quando, finalmente, Michael ficou satisfeito com a quantidade de doces, fomos para a sala.
- Eu escolho o filme! – ele falou sem esperar.
- Não quero terror.
- Por quê? Você gostava...
- Michael – falei olhando-o sincera.
- Tudo bem. Pode ser Meu Primeiro Amor 2?
- Ótimo! – Eu não prestaria nenhuma atenção no Drama/romance, não com Michael a meu lado.
Michael depois de colocar o filme, sentou do meu lado no sofá. Ele estava tão lindo, com a típica calça preta e a famosa blusa vermelha. O chapéu ele tirou e não veio de óculos. Homem tentador.
Prestei atenção no filme nos vintes minutos iniciais depois disso Michael começou a falar como nunca.
- Lembra do dia que nós conhecemos?
- Sim.
- O que estava fazendo naquele shopping? Nunca te perguntei isso.
- Estava bem... Sabe, comprando uma coisa.
- O quê? – como sempre insistente.
- Roupas, lembra que depois que começamos a amizade eu tive que fazer uma viajem?
- Sim. Fiquei uma semana inteira vindo aqui... e você nunca chegava.
- Mas quando cheguei fiquei com você duas semanas em Neverland.
- Aqueles dias foram bons. Você aparecia cada dia mais bela e iluminada. Admito que senti algo por você naqueles dias, mas achei que fosse besteira, paixão platônica pela linda mulher de olhos claros e nome Angel.
- Michael, devia ter falado isso antes! – falei indignada.
- Você tinha a mania de falar que ia casar com o Mel Gibson. Perdi as esperanças... no último dia que ficou em Neverland eu ia me declarar, comecei a falar de casamento...
- É eu soltei a pérola.
- Nunca pensei que me trocaria pelo Gibson.
- Fui idiota naquele dia. Já sentia uma coisa por você também, mas foi desde o primeiro momento que te vi. Aquele esbarrão fez minha vida criar o rumo certo. Senti um calor quando me abraçou perguntando se estava tudo bem. Mas o Mel Gibson foi automático. – falei rindo.
- Então por isso que se afastou por uns dias... – ele me olhou rindo.
- Foi, mas você veio ficar aqui.
- Eu não agüentei ficar longe de você, pode parecer estranho, mas você para mim é uma droga da qual sou completamente dependente.
- Michael... – o abracei. Como ele conseguia ser tão lindo e fofo?
- No final da para perceber que nossa amizade sempre foi forte demais...
- Demais mesmo! Você ficava na minha cola, quase enlouquecia quando eu prometia ligar e não ligava.
- Pensava que poderia ter acontecido algo.
- Mentira, você sempre foi desesperado para saber onde eu poderia estar.
- Sim. Só ficava tranqüilo quando estava a meu lado.
- Eu também. – admiti.
- Sempre fomos muito ligados, mas quando a Lisa apareceu você foi se afastando aos poucos...
- Claro! Aquela mulher fazia cada cara para mim... principalmente quando eu te abraçava.
- Nunca percebi. – Falou inocentemente.
- Lógico ela te enfeitiçou, depois que conheceu ela não percebeu nada em mim!
- Realmente, mas depois que me casei com ela que percebi o grande erro... Lisa para mim foi um atraso.
- Para mim que foi um atraso, umas consultas com o psicólogo, namoro com uma cara parecido com você e por fim uma viajem para o Brasil.
- Foi tudo isso? – Ele me olhou com os olhos arregalados.
- Uhum.
- Espera, você namorou um cara parecido comigo?
- Sim. Muito gatinho tinha que ver!
- Enlouqueceu! Como pode fazer algo assim?
- Ah, Michael! Você estava quase casado com a Lisa eu não teria mais nenhuma chance. Então achei um parecido e aproveitei!
- Por isso ficamos afastados. – ele falou cabisbaixo.
- Foi... mas quando saiu a notícia do seu casamento eu já não tinha mais nada com ele. Fiquei sozinha em todos os sentidos, até você me abandonou.
- Voltei quando tive problemas. – Michael estava prestes a cair em lágrimas de arrependimento.
- Não se preocupe, eu entendo. Você a amava...
- Acho que nunca amei. Só fiquei interessado, ela era diferente de tudo que eu já tinha...
- Muito diferente – falei sarcasticamente.
Ficamos em silêncio cada um preso em sua própria decepção do passado. Lembrei-me de um momento com Michael, que nunca esqueço. No dia depois que o conheci, Michael fez questão de ir até minha casa. Quando abri a porta me impressionei com o buquê e o homem por trás das flores. Ele sorria travesso, principalmente depois de ver minha cara de espanto. Lembro que fiquei tão surpresa com a presença dele que me esqueci de convidá-lo a entrar. Michael nunca foi tímido comigo, estava sempre baseado em brincadeiras e palavras doces. Naquele dia conversamos até altas horas. Isso era normal, quando ficávamos juntos e sozinhos, tínhamos assunto para além do limite dos dias.
Ele ficava fazendo histórias com meu nome. “Angel, era tão travessa e linda que teve que sair do céu. Parou na terra e continuou com seu mérito de beleza, inteligência e seu nome.” Ele adora provocar com meu nome. Isso ele fez desde a primeira vez que nos encontramos.
Aquela primeira noite que passamos juntos foi inesquecível, pois descobri que amar o outro de uma forma que não seja somente amizade, existe! Michael mostrou-me que amor não era ilusão.

- No que está pensando? – ele retirou-me do devaneio.
- Nada. – respondi sorrindo.
- Impossível. Meu anjo sei que estava pensando em algo, mas não quer me contar.
- Mike...
- Não precisa contar. Seja o que for... espero que tenha pensado também em mim.
- Pensei...
- Então está ótimo! – Ele riu e me abraçou fortemente.
- Vamos ficar juntos para sempre.
- Sim. Nosso amor vai durar para todo o sempre! Eu te amo.
- Eu te amo mais! – Falei sorrindo vencedora.
- Era isso que precisava ouvir.
Sem esperar resposta Michael virou meu rosto e juntou nossos lábios em um profundo beijo. Acho que morri e esqueceram-se de me avisar. Ele aprofundava o beijo a cada instante, explorava toda a minha boca, estava sedento pelo contato.
Quando paramos para respirar, ele me olhou e sorriu. Procurou algo no bolso e me mostrou um papel.
- Estou solteiro! – sorriu – espero que não por muito tempo.
Ele levantou e se ajoelhou em minha frente. Retirou uma delicada aliança do bolso.
- Angel Bayer aceita casar-se comigo?
- Claro! – Respondi sem esperar.


Nem preciso dizer o quanto aquele dia foi feliz ou o tanto que sou feliz. Seria inútil não há palavras que defina minha felicidade por ter Michael como marido, amigo e eterno amor. Não há.
Dizem que amor não se explica se sente. Isso é real... estou sentindo de tudo com Michael. Minha metade da laranja, minha vida agora é completa.


Mesmo depois de anos casados temos sempre algo novo, não caímos no cotidiano. Nosso amor fica mais forte a cada dia.
Devo falar que estamos fazendo 3 anos de casados. Sim é incrível! Alguns anos atrás estava chorando em uma praia... agora estou chorando em um banheiro, mas é de felicidade!
Estou grávida, Michael vai ter um ataque quando receber a notícia.



Obs.:
Uma nota sobre Bernardo. Em fevereiro de 1996 fomos ao Brasil. Michael teria que gravar um clipe, eu já era sua mulher, por isso ele permitiu convidar Bernad para um almoço. Não foi nada fácil, Michael alfinetava Bernardo a todo instante, mas no fim agradeceu por ele ter mostrado algo... que era o que ele nunca pensou querer, ser odiado por mim.
- Depois daquela sua ligação percebi o quanto amava essa linda mulher. Que esteve sempre a meu lado. Sofri por um tempo, mas éramos feito uma para o outro o que eu não tive coragem de fazer ela fez. Ligou-me...
- Conte sempre com minha ajuda! – Bernardo falou rindo de Michael que naquele momento já me olhava apaixonado.

Para sempre felizes. Esse é o nosso futuro.

Fim.

MUITO LINDO!PARABENS!

Sissi escreveu:É curtinho, mas eu viajei lendo seu conto.
Parabéns, é muito lindo e muito bem escrito. Amei!

Obrigada! Pensei que ninguém iria lê-lo. Ainda bem que leu e gostou... rsrsrsrsr'
Pois é... Não quis prolongar muito a história. A parte mais interessante deixo a mercêr da criatividade de cada uma. O que é bastante interessante, pois assim pode haver diversos finais. É algo bem alternativo.

Muito obrigada pelo comentário.

Beijão.
Fique com Deus.

liberian angel escreveu:MUITO LINDO!PARABENS!

Obrigada! Espero que tenha curtido a história.
Muito obrigada mesmo!!

Grande beijo.

Fique com Deus.

Meu Deus flor eu amei seu conto...
E me deixou surpresa... Epsero que
continue ok?

E disponha flor, estou aqui para ajudar...
E eu tava mesmo curiosa... Todas temos
talento... É só olharmos para dentro de nós mesmas..

Sua grude número um...

Bjins ...